sexta-feira, 29 de maio de 2009

Amor de Punk

No quarto, sobre as cobertas,
ele está lá,
mais Punk do que nunca,
meias e agasalho.

Tão Punk que aceita o beijo,
a língua, a pele.
As roupas se vão, timidamente.
Os movimentos são escolhidos, paulatinamente.

O silêncio dos corpos,
das bocas,
das respirações,
que domam o frio.

Os tremores primeiros são substituídos por outros.
Os beijos primeiros são substituídos por outros,
em outros lugares,
outras bocas, outros sentimentos.

O calor esconde um entendimento mútuo e sagaz.

Então, como numa mágica, os corpos se fundem novamente,
mas de uma maneira completamente nova.
O ritmo reduzido pede para que seja eterno, o amálgama que une os corpos dos amantes,
dois punks que se fundem no amor e que vivem para e pelo amor, pela compreensão do amor.

Os sussurros e os gemidos se confundem.
As declarações de amor aparecem, tímidas,
enquanto os corpos tomam o controle.
Enquanto desaparece o frio. Enquanto desaparece a dor…

E os tremores vêm,
primeiro timidamente, depois indefinidos, vagos,
depois fortes, depois tomam conta.
Tudo vira tremor e do tremor vem a intimidade.

Os corpos unidos conversam entre si, numa linguagem ininteligível para os mortais.
E, após tudo isso, a primeira carícia reaparece.
É o beijo que silencia os sussurros e anuncia o primeiro fim.

Anuncia que o tempo voltará a correr.
Anuncia que as estrelas não caíram de verdade, mas só nos nossos corpos.
Volta o som do Jornal da Globo na casa do vizinho, o som dos cães e das noites…

Lá fora, Janis virou Cazuza e Cazuza canta Cartola. O mundo é um moinho mesmo.
O Rock vira Samba e o Samba melancolia, mas uma melancolia boa, eterna.
Eterna como a “Punkitude” da noite. Eterna e delicada como o amor.
Amor que une os mortais. Amor que para o tempo e muda as horas.

Amor eterno e invulgar.
Amor de Punk, mas amor.
Amor que toma toda a madrugada e permanece eterno nos amantes…

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